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3.1 Exoplanetas

A busca por vida extraterrestre pode se estender muito além de nosso Sistema Solar. Apenas na Via Láctea, há centenas de bilhões de estrelas, cada uma podendo ter um sistema planetário próprio. Assim sendo, a probabilidade de que alguns desses inumeráveis mundos tenham condições que os façam habitáveis (ao menos, pelo que se conhece com base na vida na Terra) pode ser muito grande. A partir dessa perspectiva, muitos astrônomos se voltaram para um dos maiores desafios científicos da atualidade: detectar planetas orbitando outras estrelas, distantes muitos anos-luz da Terra, os chamados exoplanetas, para entender suas condições ambientais e procurar por sinais de vida.

Há séculos, a astronomia tem estudado a distribuição de estrelas em nosso Universo, pois elas são relativamente simples de detectar, uma vez que produzem luz própria devido às reações nucleares que ocorrem em seu interior. Dessa maneira, podem ser observadas a olho nu nos comprimentos de onda visíveis aos humanos e por telescópios em uma ampla faixa espectral, do rádio aos raios X. Planetas, ao contrário, não têm massa (e, portanto, força gravitacional) suficiente para dar início às reações nucleares como as estrelas. Assim, são muito mais difíceis de observar, uma vez que apenas refletem uma fração da luz de suas estrelas-mãe. Pelo mesmo motivo, até poucos anos atrás não conhecíamos muitos planetas fora do Sistema Solar e nem sequer sabíamos ao certo se planetas eram objetos comuns no Universo, ou um fenômeno raro de nossa vizinhança.

Essa visão está mudando nas últimas décadas com a descoberta de quase mil exoplanetas, um número que deve continuar crescendo graças aos rápidos avanços na tecnologia de detecção.

A detecção dos planetas é apenas o primeiro passo de um longo caminho até a descoberta de vida. Ela deve ser seguida pelo estudo das características do planeta, começando pelas mais simples de serem medidas, como tamanho, massa e distância da estrela, para depois seguirmos para as mais complexas, como temperatura, presença de oceanos e atmosfera, composição química e, possivelmente, a alteração do planeta pela presença de vida, de uma maneira que possamos medir.

No estágio atual da tecnologia de detecção, somos capazes de medir as características mais simples dos planetas, e apenas recentemente começamos a desvendar sua composição química e verificar a presença de atmosferas, mas ainda um longo trabalho é necessário para podermos dizer com segurança se existe ou não alguma forma de vida fora do Sistema Solar.

Referências

DAMINELI, A. À procura de vida fora da Terra. In: PICAZZIO, E. (org. e ed.). O céu que nos envolve: Introdução à astronomia para educadores e iniciantes. São Paulo: Odysseus, pp. 277-284, 2011.

FRIAÇA, A. C. S. Subjetividade no reconhecimento da vida no universo. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 44, n. 3, p. 93-101, 2010.

LAGE, C., DALMASO, G., TEIXEIRA, L., BENDIA, A., PAULINO-LIMA, I., GALANTE, D., JANOT-PACHECO, E., ABREVAYA, X., AZÚA-BUSTOS, A., PELIZZARI, V. & ROSADO, A. Mini-review: Probing the limits of extremophilic life in extraterrestrial environment‐simulated experiments. International Journal of Astrobiology, v. 1, p. 1-6, 2012.