Contexto
A astrobiologia, na visão atual, é definida como um campo de pesquisa dedicado a entender a origem, a evolução, a distribuição e o futuro da vida, na Terra ou fora dela. Dessa forma, algumas das principais perguntas que os astrobiólogos tentam responder vêm sendo feitas pela humanidade há milênios: “como a vida se originou e evoluiu na Terra?”, “existe vida em outros planetas?” e “como a vida se adaptou a um planeta em constante mudança e como ela o fará no futuro?”.
A astrobiologia propõe uma abordagem multi e interdisciplinar, baseada nas técnicas e no rigor da ciência moderna para essas questões, as quais são apenas o início para a melhor compreensão do fenômeno da vida no Universo.
Um fato marcante para o reconhecimento dessa área de pesquisa se deu em 1998, quando a NASA, agência espacial norte-americana, reestruturou e ampliou o escopo de seu antigo programa de exobiologia, dedicado a procurar vida fora da Terra, renomeando-o como programa de astrobiologia, criando assim o Instituto de Astrobiologia da NASA (NAI), um dos pioneiros no tema. Essa mudança ocorreu após a NASA perceber que, paralelamente à busca de vida fora da Terra, era necessário entender melhor a vida em nosso próprio planeta, a única que conhecemos e que deveria ser utilizada como modelo para entender uma possível vida extraterrestre. Por exemplo, quando se pensa na possibilidade de vida em outro planeta, uma das perguntas que surgem é sobre sua origem. É necessário, ainda, conhecermos bem o cenário e as condições para o surgimento da vida na Terra, antes de podermos extrapolar o mesmo evento para outros planetas.
Analogamente, tratando da detecção de vida extraterrestre, novamente o exemplo da Terra nos direciona aos tipos de organismos que são mais propícios a existirem em outros ambientes e a como detectá-los, seja com sondas no próprio local, seja da Terra, por meio de telescópios. Sabe-se que, na Terra, os primeiros organismos que surgiram foram os unicelulares, que permaneceram dominantes por bilhões de anos até o surgimento dos multicelulares, sendo que, até hoje, organismos unicelulares perfazem a maior parte da massa viva da Terra. Dessa forma, um dos principais objetos de estudo da astrobiologia são micro-organismos, como as bactérias.
No atual estágio de entendimento científico da biologia, é muito difícil desenvolver estudos sobre uma forma de vida muito diferente da que conhecemos na Terra, não na aparência em si, mas em seu funcionamento molecular. Dessa maneira, a astrobiologia se baseia fortemente na compreensão da vida na Terra como modelo para a vida extraterrestre.
Segundo a própria NASA, o termo “astrobiologia” não foi criado em 1998, mas já vinha sendo usado em diferentes contextos, desde a década de 1940, sendo seu primeiro uso na língua portuguesa registrado em 1958, quando o biólogo paulista Flávio Augusto Pereira escreveu um livro intitulado "Introdução à astrobiologia". Antes do termo “astrobiologia” se consolidar, com a fundação do instituto da NASA, diversos grupos e associações já vinham utilizando os termos “exobiologia”, “bioastronomia” e “cosmobiologia” que, apesar de estarem, hoje, caindo em desuso, ainda são encontrados com significados muito similares ao da atual astrobiologia.
A produção desta FlexQuest foi um prazer para seus organizadores, que tiveram a oportunidade de aprender um pouco mais sobre este tema. Ao final, esperamos que um pouco dessa rica experiência seja passada para os estudantes, e que este seja apenas o início de suas próprias buscas. Sejam os novos exploradores do Universo e não se esqueçam – o conhecimento só faz sentido se puder ser compartilhado e vivenciado em toda sua riqueza humana!
Os organizadores