EUA - Flint
Para lidar com a crise financeira na cidade americana de Flint, a fim de cortar custos que economizariam mais de US$ 8 milhões para os cofres da cidade, as autoridades locais resolveram fazer uma obra que alteraria a fonte de captação da água da cidade – de um lago nas redondezas de Detroit para o Rio Flint – realizada em abril de 2014, como medida de corte de custos, até que um novo reservatório hidrico ficasse pronto. Após a obra, a população notou mudanças na cor,odor e o sabor da água, no qual moradores passaram a ser ignorados pelas autoridades em relação as reclamações, onde as autoridades locais alegaram não haver problema nenhum com a água, emitindo até um comunicado oficial atestando a qualidade da água. Porém, no segundo semestre de 2015, as autoridades finalmente reconheceram o problema e na primeira semana de 2016 o governador declarou estado de emergência na região.
Flint, onde a água fornecida não pode ser consumida, é um exemplo do que pode acontecer em nível nacional. Algumas das linhas de abastecimento de água em Flint - as que ligam as casas com o resto do sistema - foram instaladas entre 1901 e 1920, da mesma forma que em outros muitos municípios nos EUA onde encanamentos feitos de chumbo estão contribuindo para a contaminação da água, com graves impactos para a saúde. Nesta cidade de Michigan, é o rio Flint que abastece seus habitantes, no entanto, se trata de uma água muito corrosiva que acelerou o desgaste dos encanamentos, fazendo com que o líquido apresente altos níveis de metais pesados. Entre 6.000 e 12.000 crianças foram expostas à água potável com altos níveis de chumbo na cidade, onde eles aumentaram de 2,5% em 2013 para 5% em 2015, criando a possibilidade de surgirem doenças derivadas do envenenamento por este metal, que em altas doses pode causar a morte.
Mae Wu, advogada do Conselho para a Defesa de Recursos Naturais (NRDC, em inglês), disse à Agência Efe que o caso de Flint não é isolado, e os EUA enfrentam um problema em "escala nacional" devido fundamentalmente ao tempo de uso de sua infraestrutura aquífera. A insalubridade da água, segundo explicou, não só deve ser temida em relação à contaminação por metais pesados, mas também à bacteriológica derivada dos vários vazamentos nos encanamentos, os quais também podem acabar em cortes maciços de abastecimento. Segundo dados da Associação Americana de Engenheiros Civis (Asce, na sigla em inglês), os EUA têm cerca de 170 mil sistemas públicos de água potável, dos quais 54 mil são sistemas de água que servem a mais de 264 milhões de pessoas.