Comprometimento da flora e água
A lama chegou em poucas horas ao rio Paraopeba e avança a 1 km por hora pelo leito. A aldeia indígena Naô Xohã, de 27 famílias, a 22 km de Brumadinho, epicentro da catástrofe, foi duramente afetada pela poluição da água.
"Estamos em uma situação muito séria (...). Dependíamos do rio e o rio morreu. Não sabemos o que fazer", disse o cacique Háyó Pataxó Hã-hã-hãe, contando que os peixes mortos e um odor fétido tomaram conta da pequena comunidade.
A Agência Nacional de Águas (ANA) estima que a onda de rejeitos e lama chegará entre 5 e 10 de fevereiro à hidrelétrica de Retiro Baixo, a 300 km da mina do Córrego do Feijão.
A expectativa é que as barragens de contenção nessa estrutura retenham os rejeitos, mas a ANA esclarece que "está sendo avaliado se a onda de rejeitos alcançará a reserva da hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, 30 km abaixo da barragem de Retiro Baixo".
O São Francisco é um rio de vital importância econômica e social para cinco estados.
O serviço geológico do Brasil estimava que os resíduos alcançariam Três Marias entre 15 e 20 de fevereiro.
Desde que começou o vazamento, a Vale advertiu que a tragédia teria um maior custo humanitário que ambiental em comparação com o provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana (a 125 km de Brumadinho), em novembro de 2015, que deixou 19 mortos e chegou ao mar, a 660 km de distância, pelo leito do Rio Doce.