Rio Pareopeba contaminado com metais pesados.
Em um relatório divulgado nesta quarta-feira, 27, em Brasília, a Fundação SOS Mata Atlântica apresentou os resultados da coleta de dados ao longo de 305 quilômetros do rio Paraopeba após o rompimento da barragem do complexo de Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho. No documento Observando os Rios, o que parecia óbvio foi comprovado com informações científicas: as águas do rio estão impróprias para qualquer tipo de uso, seja por humanos ou pela fauna do local. Tornou-se um rio morto.
“A primeira impressão da equipe foi de tristeza ao chegar a um local totalmente destruído. Toda a paisagem foi devastada, coberta por uma lama densa cor de sangue”, diz um dos trechos do relatório.
Entre as conclusões, alguns dos pontos principais:
- No total de 22 pontos de coleta monitorados, 10 pontos tiveram índice de qualidade da água ruim e em 12 pontos o índice foi péssimo;
- Os indicadores obtidos demonstram que a água do rio Paraopeba está imprópria para usos nos 305 quilômetros impactados por rejeitos de minério provenientes do rompimento da barragem;
- A turbidez elevada indica a dificuldade de um feixe de luz atravessar a água, prejudicando a fotossíntese, aumentando a absorção de calor e a temperatura da camada superficial da água, com impacto direto na vida aquática;
- Os valores encontrados na água bruta superficial impedem a captação para fins de abastecimento público, irrigação de alimentos e dessedentação de animais;
- A elevada turbidez, o excesso de nutrientes em decomposição e as altas temperaturas registradas na água, entre outros fatores, resultaram no registro de baixos índices de oxigênio dissolvido e em valores insuficientes para manutenção da vida aquática.
Segundo a especialista em Recursos Hídricos da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, “esperamos com este relatório contribuir para o aprimoramento de políticas públicas no sentido de evitar que eventos trágicos como esse se repitam, tendo como base o fortalecimento do arcabouço legal e institucional brasileiro, com participação da sociedade na tomada de decisões. A legislação ambiental brasileira deve ser valorizada e fortalecida por meio de órgãos técnicos e ambientais bem estruturados, instrumentos de gestão eficientes, participativos, modernos e livres de ingerência política“.