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Protetor solar: não é tão simples assim

Evitar totalmente o sol tem consequências nefastas para a pele e para as pessoas, pois a radiação solar tem muitos efeitos benéficos já comprovados. 

Aproximadamente 90% da vitamina D utilizada por nós deve ser gerada através da ação dos raios UVB na pele, onde ocorre a síntese de vitamina D3. A vitamina D é um importante regulador dos níveis de cálcio e fósforo no organismo, para a saúde dos ossos e músculos, fortalecendo o sistema imune e auxiliando a evitar diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares, depressão, etc. O problema é saber quanto sol cada pessoa tem que tomar para produzir suficiente vitamina D. 

São muitos fatores envolvidos e a ciência não tem respostas definitivas neste assunto. A exposição deve ser maior para pessoas com mais melanina na pele ou que usem filtros solares (porque menos UVB alcança a pele). Fatores que afetam o nível de UVB no ambiente, como período do dia e do ano, latitude e longitude também influenciam. Estudos populacionais mostram que pessoas com pele clara, numa região temperada, devem expor-se de 10 a 20 minutos, 3 vezes por semana, de corpo inteiro. Quem tem esse costume atualmente? Quase ninguém! 

As pessoas tendem a ficar cada vez mais em ambientes fechados e quando saem, vão “protegidas” com os filtros solares. Esses hábitos têm promovido um efeito colateral indigesto: vivemos uma epidemia de pessoas com deficiência em vitamina D. Estudos estimam que, nos EUA, os gastos médicos com doenças relacionadas à deficiência de vitamina D superam em cinco vezes àqueles causados pelo câncer de pele. 

Os benefícios da exposição solar não se limitam à produção de vitamina D. Estudos recentes apontam para outros possíveis efeitos positivos, embora mais resultados sejam necessários para comprovar as observações e os mecanismos.   

Células da pele, como os queratinócitos e melanócitos, detectam a presença da luz solar por um conjunto de proteínas chamadas opsinas, que são conhecidas por captar a luz em órgãos fotorreceptores, como os nossos olhos. Essa percepção da luz solar na pele desencadeia diversas respostas fisiológicas, como a produção de melanina, e, até mesmo, regulam a atividade de células de defesa do nosso sistema imunológico. 

Além disso, o nosso relógio biológico é diariamente modulado e calibrado pela exposição solar. Um relógio biológico desarranjado tem efeitos negativos sobre a saúde. A obesidade e as doenças cardiovasculares também podem ser facilitadas pela baixa exposição ao sol. Estudos do grupo do Prof. Richard Weller, da Universidade de Edimburgo, sugerem que 20 minutos de exposição ao sol diminui a pressão arterial por horas. A radiação solar ativa a produção do óxido nítrico, um potente vasodilatador, diminuindo a pressão arterial. 

Fonte: http://revistaquestaodeciencia.com.br/artigo/2019/07/20/protetor-solar-nao-e-tao-simples-quanto-parece

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