Número de nascimentos cresce novamente no Brasil após redução de casos de zika
Depois de um breve período registrando baixas taxas de natalidade, o Brasil voltou a apresentar um aumento no número de nascimentos em 2017. O motivo, afirmam especialistas, pode estar relacionado à redução dos casos de zika vírus, doença que se tornou epidêmica em 2015, causando um surto de microcefalia no período.
De acordo com a base de dados do Datasus, em 2015, foram registrados 3,018 milhões de nascimentos enquanto, no ano seguinte, 2,858 milhões de crianças nasceram no país — uma queda de 5,2%. Esta foi a menor quantidade de nascimentos registrada nos últimos 21 anos. Já de acordo com o IBGE, a quantidade de nascimentos nos mesmos anos foi de 2,945 milhões e 2,794 milhões respectivamente, com uma queda de 5,1%, a maior desde 2010.
No ano de 2017, no entanto, dados do Datasus apontam que 2,920 milhões de brasileiros vieram ao mundo, um aumento de 2,1% em relação ao ano anterior.
Entre 2015 e 2017, o conhecimento científico sobre o zika vírus e sua relação com a gravidez cresceu com a publicação de centenas de papers. Com mais informações disponíveis, aqueles que planejavam ser pais se sentiram mais seguros em tentar, seguindo o protocolo de prevenção.
Enquanto o Ministério da Saúde afirma que a quantidade de nascimentos do período tende à estabilidade, a pesquisadora Cristiane Moutinho, do IBGE já havia dito em 2016 que a epidemia de zika sobre os nascimentos teria relação com o zika: “Vários fatores podem ter influenciado essa redução. Além da tendência crescente de ter filhos mais tarde, várias famílias podem ter se assustado com a epidemia de zika que afetou o país, entre 2015 e 2016, associada ao nascimento de bebês com microcefalia.”
A professora de demografia da Universidade de Harvard, Marcia Castro, responsável por conduzir o estudo “Implicações do zika vírus e da síndrome congênita do zika para o número de nascidos vivos no Brasil”, publicado em maio passado na revisra PNAS, também defendeu a relação da redução nos nascimentos com a microcefalia. Em entrevista exclusiva à CRESCER, ela disse: “Ao observar os padrões demográficos de declínio dos nascimentos no Brasil, vimos que tratou-se de uma queda muito brusca, completamente diferente e, portanto, inesperada. Apenas acontecimentos como epidemias, guerras, conflitos e desastres naturais de larga magnitude e efeito prolongado poderiam ser capazes de produzir uma redução como a que foi observada.”. De 2015 a 2018, foram diagnosticados 3,2 mil nascidos com microcefalia, causada pelo vírus Zika.
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