Tratamento da Epilepsia
Charlotte, uma criança com síndrome de Dravet confirmada a partir da mutação no gene SCN1A, participou recentemente de uma reportagem especial exibida no canal televisivo CNN. Sua mãe, através de pesquisa pessoal exaustiva e contando com a assistência de um grupo estabelecido no Colorado ( Realm of Caring ) que utiliza a cannabis para fins medicinais, começou a terapia coadjuvante com uma cepa da cannabis que possui alta proporção CBD:THC. Este extrato é eliminado do organismo lentamente ao longo de semanas e quando administrado em conjunto com seus outros medicamentos antiepiléptico, reduziu a frequência das crises de Charlotte de aproximadamente 50 crises convulsivas por dia para 2-3 convulsões noturnas por mês. Este efeito persistiu durante os últimos 20 meses, e Charlotte foi retirando aos poucos, com sucesso, seus outros medicamentos antiepiléticos. Durante este artigo nós brevemente reveremos um pouco da história, os dados pré-clínicos e clínicos, e as controvérsias que cercam o uso da Cannabis medicinal para o tratamento da epilepsia, e relataremos que o tratamento com compostos isolados de grau farmacêutico da Cannabis (especificamente CBD ) pode ser inferior ao tratamento com todo o extrato da planta. Necessitamos compreender melhor sobre os mecanismos da atividade antiepiléptica dos fitocanabinóides e outros constituintes da Cannabis sativa .
Link:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/epi.12610/abstract
Como os canabinóides agem no cérebro?
Os canabinóides agem no corpo humano pela ligação com seus receptores. No sistema nervoso central o receptor CB1 é altamente expresso, localizado na membrana pré-sináptica das células3. Estes receptores CB1 estão presentes tanto em neurônios inibitórios gabaérgicos quanto em neurônios excitatórios glutamatérgicos4. O cannabidiol age no receptor CB1 inibindo a transmissão sináptica por bloqueio dos canais de cálcio (Ca2+) e potássio (K+) dependentes de voltagem3. Desta forma, acredita-se que o cannabidiol possa inibir as crises .